segunda-feira, 29 de novembro de 2010

the thing you fear most is the fear itself

estou com tanto medo que meu corpo treme
aliviado por ainda se mexer, acua-se
sofre a dor de sentir toda a morte e desgraça possível
e tenta chorar para liberar as paranóias

medo de morrer agora, de ir ao médico e estar com câncer
de perder a lucidez e em conseqüência, minha paz
medo do medo que vem e quase derruba minha cabeça no chão
que de tão pesada, despenca e flutua

é uma onde gigante repleta dos mais ocultos traumas
todos girando em cima e dentro de vc
por mais que lute, a onda é mais forte e te leva
está em total queda-livre sem colchão

sábado, 27 de novembro de 2010

I feel like crap

porque se eu for escrever mais uma vez daquela que me tirou a vida, vai parecer clichê. mas logo hoje, depois de inacreditáveis surpresas noturnas, sou acordada por gritos: 'MÃAAE!!!!'. fico alertada como sempre para ver qual a desgraça da vez e ouço dizer que passou em primeiro lugar no doutorado da UFMG. não vou explicar aqui porquê odeio a academia, vai parecer despeito. deixando isso de lado, o que me fere durante todo este dia é o fato de não ter quem se orgulhe de mim. sim, eu me orgulho e isso é o mais importante, mas todo mundo quer ver seu trabalho reconhecido. que seja numa tela do maior cinema de brasília ou na vitória de encontrar e viver o amor sem nunca ter o conhecido antes. não importa. trabalho todo mundo faz, a diferença é quando uma maioria burra se deixa afetar por uma minoria que decide dar títulos àqueles que babam a minoria.
eu sou artista admiro muito mais um quadro bem pintado ou um filme feito com cuidado que uma prova de filosofia impecável de uma universidade federal. filosofia não, história da filosofia. filosofia é vida, á algo necessário a todo ser humano.

e ainda com toda essa argumentação ainda me permito me sentir um lixo que não construiu nada na vida e nunca vai chegar a lugar nenhum¬¬

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

ficar de cabeça pra baixo até o sangue encher os olhos de saudade

já é quase penumbra e de pássaros, passam a ser morcegos
o azul claro e pacífico vai perdendo luz e ficando denso
as luzes artificiais se acendem junto aos holofotes
e os restaurantes móveis começam a servir bebida

todo o clima de já, quinze anos
as mesmas pessoas e roupas, o ritmo peculiar dentro da casa de tijolo sem telhado
a singularidade da companhia sempre diferente, única
olhos que buscam, mas não encontram tamanha procura por estrelas maiores

o ponto roxo-opaco transita com paradas longas
a última, em frente à grande tela branca
se encontra nas vinte e quatro fotografias por segundo
se decepciona com a falta de surpresas apresentadas nelas

terça-feira, 23 de novembro de 2010

we fly, of course

existe essa fantasia louca tomando meus momentos de paz mental e exercício de controlar o (im)pulso. não faz sentido, não há possibilidade de se transfigurar, é algo puramente criado pela grande imaginação da menina de vestido azul. ela é esperta mesmo parecendo alheia, e consegue, com jetinho maldoso tudo o que quer. sabe que cria um universo inexistente, mas ao mesmo tempo enxerga que se pensas, podes realizá-lo.
a fantasia tem nome de natureza, cheira a sabonete pós banho, tem artifícios encantadores e desejáveis, é perigosa como um escorpião e inofensiva mostrando um lindo aquário colorido e bem azul cheio de peixes alaranjados com branco. expõe suas dores, medos, maravilhas e perversidades de forma misteriosa chamando sua presa precisamente perdida. não se sabe até onde se tem o poder desta magia, mas é bruxa poderosa brincando nos campos da deusa. suas fitas em tons quentes enfeitam toda esta realidade de beleza e canto.

sábado, 20 de novembro de 2010

I knew after three seconds

acordou tarde com aquela mesma sensação de peso, como se o chão puxasse seu corpo para baixo teimando em não a deixar levantar da cama. olhou pros lados, viu o movimento, se sentiu mais uma vez incomodada por ainda estar deitada enquanto todos já faziam suas coisas. sentiu a falta de acordar com quem havia dormido e há tempos já estava na rua, trabalhando. fitou o teto por alguns minutos, pensou em continuar deitada pois não tinha bem o que fazer. um tempo inerte e a ação em levantar-se e dobrar a coberta. o desejo de não estar tão só aumentou e uma pequena angústia começou a brotar no canto do peito. ah... como ela queria que aquela porta se abrisse trazendo-lhe a paz de volta, o alento, o conforto, a tranqüilidade de estar vivendo. sozinha trancada numa casa que não é sua não se parece nada com vida, ainda que se possa escrever sobre isso. ela ansiava pela volta do seu amor para conversarem sobre tudo o que a sufocava e chegava aos teus ouvidos de forma clara, leve, como se nunca estivesse havido peso. precisava encostar seu coração no dela, sentir todo aquele afeto que lhe faltava de forma tão pulsante e o que ela mais gostava em n(amor)o era justamente isso: o poder de sentir-se voando apenas na presença do objeto.
e assim, permaneceu. amuada, encolhida entre as almofadas e o tapete na constante espera dela, sempre ela...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

I think all we can aspire to in this situation is a little bit of grace

enfim, voltou ao lugar de onde sempre estara. louco por sair de novo usa de toda sua linguagem compreensiva para convencê-la. procura mostrar ao quase fazê-la enxergar a necessidade urgente de ser atendido naquele instante de agonia. persistente. 'não sabes que estou preso e preciso sair.' falha. não consegue colocar diante dos olhos aquilo que tanto o perturba. decide então, ser vencido e pega uma garrafa de cerveja. fuga para os grilos, encontro com o alto. pés fora do chão pondo a cabeça leve como um papel em branco, se rende. deixa de fazer o que mais queria para escolher a simplicidade maravilhosa da má-fé. não age, mas deixa agirem por si.
manhã seguinte, um contraponto. psiquiatra na hora do almoço recheado de coisas tensas e indesejáveis. sai e dança por todo o caminho até chegar ao sempre lugar. faz o prato, se dirige ao canto roxo e espera por longas duas horas até enfim estar apto a voar. e vôa. passa pelas mais inimagináveis idéias e conclui que voar muito alto faz perder a direção. resolve sentar e escreve sobre tudo, menos aquilo que mais lhe chateia.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

open your eyes

já não bastasse o fato de ser obrigada a conviver num mundo onde todos pensam igual
têm a mesma visão, assistem ao telejornal manipulado pelo poder de ter uma maioria inferior
ouvem histórias de pessoas 5, 10 anos mais velhas que têm phd em não sei o quê e passam fome
eu ainda tenho que ser puxada para esse redemoinho que não participo

as coisas apenas são, vc atribui valores ou não a elas
só porque a maioria dos formados não atuam em sua área, não significa que não terei o meu espaço
eu já tenho e ele é quase tão vasto quanto o interior
e o meu mundo é meu, nada vai tirar meu ímpeto de exposição do universo

calem as bocas já, não-índigos que pouco sabem do que (n)os espera
fechem já as mentes para tantos blábláblás de que não conseguireis nada
se queres, é teu Guerreira Célebre
apenas se levante para alcançar tua glória

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

I wish I could sleep... yeah, me too

é assim que a calada da noite me cai
meus pensamentos gritam desesperados
se esforçam muito pelo silêncio interno
imploram para que a vida comece no novo dia

os músculos retraídos vibram intensamente
e só com os dedos sincronizados no teclado, param
é como se no momento em que toco as letras
cada parede das entranhas fosse derrubada

nada é tão agoniante como as respirações que ouço
profundas como as de quem sonha longe demais para despertar
parada olhando o céu, esperando que ele clareie
e que tudo escureça e durma dentro do tão meu caos

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

What's the word that's burning in your heart?

anestesias para meu corpo
que em demasia, sente
entorpecentes para minha mente
que em frenesi, busca

explodir o fogo, mostrar logo o jogo
deixar que as coisas destinamente saiam
transbordar a água por todos os canais
e à terra, que vire poeira ao ar

cantar a vinda do vermelho que vem sem pressa
ouvir o vazio do som que a meditação traz
voltar a ser quem sempre fui
exibindo todo encanto aos mundos